5 - Sem Nostalgia - Lucas Santtana
Esse é dos corajosos. Disco fantástico. Lucas e o som do seu violão, puro, distorcido, eletrônico, mashups...
"Super violão mashup" abre o disco. Som instigante. É o som do seu violão remexido, revirado, recortado, repaginada, repetido... acrescentou uma batida eletrônica e pronto. Estamos diante de uma obra-prima. "Who can say which way" segue a linha e dessa vez temos a aparição dos vocais de Lucas, ansiosos, nossos sentidos já estão perplexos nesse momento. "Night time in the backyard" é lenta, sons noturnos, pelo que lembro, gravados no Jardim Botânico, e claro seu violão embalando tudo numa melodia hipnotizante. "Cira Regina e Nana" é a primeira em português. Levada sonora que gruda, letra de rimas bem organizadas, você se perde na narrativa. "Recado para Pio Lobato" é instrumental, a elevada técnica de Lucas é gritante, impressiona. Metade do disco, "Hold me in". Violão bem marcado, sonoridade pra lá de melancólica, melodia linda.
"Amor de Jacumã" é mais alegre, descontraída, inclusão de efeitos, muito bom: "Vou pra Ja pra Ja, pra Jacumã"! "I can't live far from my music" é cheio de efeitos incluídos aos sons de seu violão, mais uma música magnífica... Depois vem "Cá pra nós", densa, triste... "O Violão de Mário Bros" é interessantíssima, com o som do violão e seu devido recorte e cola temos a referência aos sons do famoso jogo. "Ripple of the water" é a última faixa do disco com cara de música, porque "Natureza n°1 em Mi Maior" já desde o nome mostra que será experimentalismo puro. E é. Desde de "Ripple..." já escutamos de fundo aqueles sons noturnos do Jardim Botânico. Em "Natureza..." é somente esse som com pequenas interferências de violão... dá pra viajar legal... heheehe
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4 - No chão sem o chão - Romulo Fróes
Mais um corajoso da nossa música. Fazer um álbum duplo (1ª sessão - Cala boca já morreu/ 2ª sessão - Saiba ficar quieto), 33 músicas, nenhuma comercial, nada de rádio, nada de facilidades para seus ouvidos. Com uma banda formidável (destaque para a bateria impecável do Curumin), Romulo colocou na rua um disco histórico. Dando espaço para que a banda soltasse o braço nas músicas temos o 1° disco recheados de solos de guitarra e bateria. O 2° mostra o já conhecido lado mais sambista de Romulo.
Vou tentar resumir a extensa obra. As 3 primeiras, "Do ponto do cão"/ "A Anti-Musa"/ "Destroço" são verdadeiros rocks, bem feitos, aquele toque de mpb, letras poéticas, enigmáticas, geniais, a banda mostra a que veio. Destaque para "A Anti-Musa", hipnotizante, narrativa inebriante, viciante, que música, nasceu clássica. "Destroço" arrebenta, puro rock.
"Para quem me quer assim" reduz um pouco a velocidade, aparecem alguns metais que continuam em "Deserto Vermelho". Só que nessa os metais são mais violentos, a música é acelerada, ótima. Como é ótima também "Anjo". Ótima? Não. Ela é genial, mais que genial, letra suprema, que construção, pesada, som pesado, bateria dura, guitarra dura, melhor do ano? Arrisco dizer que sim. Emendada vem o sambinha "Minha Casa". Como emendar um rock pesado e denso com um sambinha? Pergunta pro Fróes. Acho que só ele sabe fazer isso. Ponto altíssimo do disco. "Vai" é um samba mais lentinho, muito bom. Mas bom mesmo é "Qualquer coisa em você mulher". A guitarra está demais, marcação de samba, letra de samba, referência a "Mora na filosofia" de Monsueto. Ou ao disco "Transa" do Caetano, onde Caê gravou a música de Monsueto. O disco do Caetano sem dúvida inspirou vários momentos do álbum de Romulo. "Sei Lá"/ "Pierrô Lunático"/ "Amor Antigo" são menos rockeiras, muito boas. "Mochila" é bem lentinha, bem legal, caminha por vários lugares sonoros... "Peraí" temos mais guitarra; "De Adão para Eva" tem uma das letras mais geniais do disco. Dobradinha com Mariana Aydar nos vocais. "Só você faz falta" é samba mesmo. Já preparando terreno para o segundo disco.
"Para fazer Sucesso" ainda tem algo de rock, principalmente no refrão, ótimo refrão aliás. "Ela me quer bem" é ótima, diferente, sonoridade que mais parece trilha de filme policial... "Ela me quer bem... ela me quer bem... ela me quer bem... morto..." heheehe Samba! "Esse aí"/ "O que todo mundo quer"/ "Caia na risada"/"Cala boca já morreu"/ "Manda chamar" são sambas em suas mais variadas formas. Ótima sequencia! "Dia tão cinzento" é a melodia mais bonita do disco, a música corta-punhos do ano disparada; "Ou nada" é uma das mais lentas, piano e tal... Já "Caveira" é mais animada. "Fui eu" diminui o ritmo novamente. "Gelatina" segue a linha. Que talento tem a banda de Romulo (além de Curumin, Fábio Sá no baixo, Guilerme Helo na guitarra). "Se eu for" é um sambinha dividindo os vocais com Lulina. "Pedrada" é um samba instrumental. Quer dizer... tem letra sim... vou colocá-la na íntegra: "Porra?!". Depois "Uva de caminhão" de Assis Valente. Que coisa boa... Andreia Dias nos vocais. "Astronauta" é outra bem lenta, também com piano. Dessa vez o vocal feminino é de Nina Becker. E pra fechar, "Saiba ficar quieto". Só violão, lenta, letra dura, fechando o disco com chave de ouro.
Concordo ser cansativo escutar 33 músicas direto, mas acho que Romulo não quer isso de você. Quer que você escute o que mais lhe agradar dentro dessas 33 músicas.
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3 - Vagarosa - Céu
Um disco bem trabalhado em cada detalhe. Céu, se influenciando de ritmos jamaicanos e misturando-os com as influencias daqui, concluiu um dos melhores trabalhos de 2009. O trabalho, como fica claro no título do ábum, e devagar. Devagar no bom sentido, uma perfeita "Malemolencia"... Sem contar que ela está cantando muito bem. E a banda? Só tem fera. Nas baquetas, tem ora Curumin, ora Pupillo (Nação Zumbi); na guitarra, Fernando Catatau (gênio, Cidadão Instigado) toma conta em algumas; até o Guizado aparece no trompete em "Nascente"...
"Sobre o amor e seu trabalho silencioso" é uma introdução em forma de samba. Em "Cangote" é que o disco começa pra valer. É nítida a sensação de que cada som inserido foi muito bem pensado, tudo se encaixa para criar uma aurea "sonolenta", a letra também... "Comadi" acelera um pouquinho, mas a sonoridade preguiçosa da jamaica continua muito forte... A coesão é muito forte no disco. "Bubuia" mantém a linha, mas se destaca... o vocal de Thalma de Freitas dividindo com a Céu é show e a guitarra é do Catatau... o Pupillo na batera... clássico... Em "Nascente" temos a interferência alucinante de Guizado com seu trompete... é de arrepiar! "Grains de Bearté" é bem lenta, perfeita em cada som, a bateria é de Curumin, irretocável em cada detalhe. "Vira Lata" volta pro samba e para tal temos Luiz Melodia nos vocais com a Céu... Ficou muito bom.
Já passamos da metade do álbum, só temo até agora música de alto nível, é incrível. "Papa" retorna a "lerdeza" jamaicana, é curtinha. É seguida por "Ponteiro", putz, acho que essa é a que mais captou a ideia de aurea lenta e sonolenta do disco, é quase onírica... ah! Dengue da Nação Zumbi no baixo. Os músicos foram escolhidos a dedo. E depois temos, para mim, a melhor das melhores: "Cordão da Insônia". Genial. Batida um pouco mais acelerada, mas a aurea onirica continua, letra bem legal... e até BNegão participou nessa com vocais adicionais... é só ter atenção que você perceberá... muito bom! As três últimas não deixam o disco perder o nível. A versão para "Rosa Menina Rosa" ficou fantástica... a tranposição para a sonoridade que Céu quis colocar no disco ficou perfeita na música do Grande Jorge Ben. "Sonâmbulo" tem apoio do DJ Marco e ficou muito boa, a perfeita união dos sons. E fecha com "Espaçonave" com som da Floresta Amazônica de fundo, Conga de Bruno Buarque, guitarra genial de Catatau... cara... é de arrepiar!
Dá pra escutar algumas coisas nestes lugares: http://www.myspace.com/ceumusic
http://www.ceumusic.com/
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2 - C_mpl_t_ - Móveis Colonias de Acaju
Da fantástica banda de Brasília eu já comentei aqui. Vou falar um pouco do ótimo 2° disco da banda.
De todos os discos de 2009 já comentados, deve ser o que menos escuto atualmente. Afinal, durante o ano todo eu escutei 548 vezes. E geralmente não escuto um disco 548 vezes a toa. É sem dúvida um disco diferenciado. E pop. O que boa parte dos discos já mencionados não conseguem ser.
"Adeus", faixa de abertura, mostra uma banda mais técnica, mais preocupada em fazer um som limpo, o mais perfeito possível. Bonita, alegre, muito boa. "Lista de Casamento" é puro rock, guitarra na introdução, uma letra que não diz nada com nada, metais arrebentando, a voz do André Gonzales afinadinha... "O Tempo" é a próxima, música de trabalho, muito boa. Atenção para o progresso da música, como ela vai ganhando força, sons, emoção, bem legal. O que falar de "Cão Guia"... uma introdução com metais, música empolgante, abriu o show no Circo, é o toque do meu celular, adoro a música! "Descomplica" mantém o ritmo alucinante do disco, música que acelera, diminuí, vai pra lá, vem pra cá, muito animada.
Pra quem conhece o primeiro trabalho da banda, já percebeu que a sonoridade do Leste Europeu tão presente naquele, neste é mais sutil apesar de presente. Eles chegaram a um amadurecimento do som num curto espaço de tempo, eles têm hoje uma sonoridade própria.
Continuando... "Café com leite"/ "Pra manter ou mudar" não deixam o ritmo cair, não tem como ficar parado com esses caras! Refrões para cantar alto, levadas que não te deixam parados... e "Bem Natural" chega a extrapolar tudo isso, início devastador, refrão pegajoso, ritmo que gruda na cabeça... "Falso Retrato" segue a mesma linha... após a primeira parte nós temos um trecho instrumental fantástico, acelerado e empolgante, a letra volta forte, ritmo violento... Uma pequena reduzida com a introdução meio jazz de "Cheia de Manha" mas no decorrer da música ela se acelera como tem que ser... letra muito interessante falando dessas crianças insuportáveis que se passam por adultas na TV. "Sem Palavra" é mais uma destruidora do disco, e como é... rápida, angustiante, vocês não imaginam isso no show... "Indiferença" fecha o álbum sem reduzir a velocidade praticamente te obrigando a escutar novamente o disco... muitos metais, mais refrões grudentos...
Melhores músicas? Todas. O álbum mais coeso do ano. Alto nível do início até o fim. Só não ficou em primeiro porque Catatau e sua banda fizeram isso também com mais coragem e inovação.
Valeu Móveis! Valeu Gonzáles!
Baixe aqui: http://albumvirtual.trama.uol.com.br/index.jsp?album=1128131101
http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/
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