1 - Uhuuu! - Cidadão Instigado
E pensar que o maior disco da primeira década do século XXI quase não existiu, né Catatau...: "Com a verba do projeto ( Prêmio Pixinguinha), resolvemos fazer algo mais caprichado e gravamos num gravador analógico, com fita de rolo e tudo o mais. Mas perdemos toda a primeira etapa por conta de um problema no gravador", revela. O prejuízo só não foi maior porque boa parte das novas músicas já vinham sendo tocadas nas apresentações e o jeito "foi começar tudo de novo". (entrevista para Rolling Stones n° 36 aqui).
Uhuuu! é épico desde de sua criação... Um disco muitas vezes romântico em suas letras um tanto banais, mas com uma sonoridade experimental onde encontramos misturas de música brega a rock progressivo numa única faixa. Mas o álbum foi além... temos músicas bem experimentais como "Doido", "Ovelhinhas" e "A radiação na Terra".
" O Nada" também é meio experimental e abre o disco. Com uma ordem: "abram as portas das suas casas/ deixem os ladrões entrarem/ eles vão tentar levar tudo o que puderem". Impactante desde o início. A sonoridade do disco começa a se desenhar. "Contanto estrelas" começa bem anos 80, teclado e tal, mas a sonoridade vai se completanto dando suporte as letras simples que ganham força, como tudo na música. A aparente simplicidade torna-se claramente complexa. "Doido" tem uma levada, não sei... difícil falar... a música tem uma guitarra cantando a todo momento, sustentando a narrativa de alguém a ponto de ter um "colapso nervoso". Arnaldo Antunes participa no momento ápice de loucura. Imperdível.
Agora, a sequencia suprema do ano: "Dói"/ "Escolher pra quê"/"Como as luzes". "Dói" é romântica ao extremo, a levada musical se arrasta nesse sentido mesmo, sem maiores devaneios, mas muito técnica, cheia de detalhes. Declamação de Catatau... a música se mantém... até que no final ela abre as asas... "e encontrar você sorrindo, no meu coração... outra veeez!" Metais, refrão, fim. Fantástica. "Escolher pra quê" é mais puxada para o rock, bem anos 80, ótima, bem animada, refrão forte... solo incrível... "Como as luzes" é a obra prima do disco. Começa bem brega, quase Calypso heeheh. Só que Joelma/Chimbinha não são capazes de dar novos caminhos para a música, muito menos formas geniais como Catatau. A parte instrumental da meiuca já deixa bem claro que não estamos escutando qualquer música. A música vai ganhando força até que tudo parece que pára e... que isso?!?! Pink Floyd?? Catatau fecha a música com um solo idêntico ao solo final de "Echoes" do Pink Floyd, espetacular, tudo bem encaixado, é a mesma música, não dá pra acreditar... me arrepio todas as vezes que escuto.
"Ovelhinhas" é mais experimental, psicodélico, sons de ovelhinhas, oníricas e termina com um tchu tchu tchu ru ru meio Franz Ferdinand numa trilha rural... entendeu? melhor escutar... Mais experimental e pscicodélica é "A radiação na Terra", sombria em alguns momentos, o grito de horror... dark... bem legal! "Deus é uma viagem". Que letra! A melhor definição de Deus que eu já escutei: "Olhos/De-dos/Mãos/Pés/Me mos-tram/Que Deus/É uma viagem." Mas não é? heheehe A sonoridade se encaixa perfeitamente, final apoteótico, incrível, tem até "ooohhhh ooooooooohhh", é de arrepiar. "Homem Velho", homenagem a Neil Young, iria adorar sem dúvida. Sóbria, fica mais dançante, no refrão, o ápice, um sonho... o teclado dita a sonoridade... "O cabeção" volta com o experimentalismo, mas uma participação do Arnaldo Antunes, letra bem criativa, ficção científica em música... só Catatau... um Uhuuu! no final... Que disco!
E minhas palavras não servem de absolutamente nada... ESCUTEM O DISCO!
Dá pra escutar algumas coisas aqui: http://www.myspace.com/cidadaoinstigado
Mas é só procurar na web e você acha o disco inteiro... Faça esse esforço para o seu próprio bem!
0 comentários:
Postar um comentário