Adoro Mario Quintana, admiro muito a forma "simples" como ele trata temas densos como morte, por exemplo. Este soneto retirado do livro "A Rua dos Cataventos" de 1940 fala dela:
Da casa nova me quedar a sós,
Deixai-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhum de vós!
Quero é ficar com alguns poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!...
Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr de sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas...
E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios de vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto...
urdir: tecer
Não sou fã de estruturas fixas na poesia mas já é o segundo soneto que posto, vai entender...
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Poesias Súbitas #2 - Soneto XXXV ( A Rua dos Cataventos) - Mario Quintana
XXXV
Quando eu morrer e no frescor de lua
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