terça-feira, 6 de abril de 2010

Show Guns N' Roses - Rio de Janeiro


Nove anos depois do Rock In Rio III, o Guns N' Roses retorna para sua terceira apresentação em solo carioca. A chuva que cancelou o show marcado para o dia 14 de março deixou muitos fãs angustiados, achando que não veriam sua amada banda ao vivo, mas, para nossa alegria, o show foi remarcado e aconteceu no último domingo, dia 04 de abril.


A Praça da Apoteose estava lotada, porém até ficar tão cheia demorou bastante, pois os fãs já deviam estar prevendo um longo atraso, como aconteceu nos outros shows pelo Brasil. A noite começou com chuva porém esta não se estendeu muito, felizmente.


A primeira banda a tocar foi um tal de Majestic, uma banda nacional com vocal feminino e um visual meio gótico, mistura de Evanescence com Pitty. Tocaram algumas poucas músicas, agradeceram bastante ao público e sairam.

Após um longo intervalo, Sebastian Bach subiu ao palco e fez um excelente show de abertura, empolgando a galera durante 1h30m. Confesso que não conheço as músicas do Skid Row, mas me diverti e gostei do show. Ele foi um exemplo do que é uma boa apresentação, interagindo sempre que possível com o público, se esforçando para falar várias frases em português. A galera, é claro, retribuiu, vibrando bastante. Mesmo sem a ajuda dos telões deu pra ver que Sebastian tem bastante presença de palco, girando loucamente o microfone e balançando sua cabeleira. Gostei bastante do show, mais do que o do Guns.

Foi então que as luzes se apagaram e o momento crítico começou. Tinha em mente que a espera pelo Guns ia ser longa, mas não achei que fosse ser tanto. Estava com fome, frio, sono e com a esperança de que os caras subissem no palco sem demorar demais. Era um domingo, era a última apresentação da turnê da América do Sul, e isso seria uma grata surpresa. Mas isso não aconteceu.

Com o passar do tempo, a expectativa foi dando lugar a uma certa revolta, afinal de contas não havia justificativa para deixar tanta gente esperando, a não ser capricho e arrogância de Axl Rose. Olhei ao meu redor e vi várias e várias pessoas cochilando, outras resmungando alguma coisa sobre como estariam cansadas no dia seguinte. O público ficava cada vez mais cansado, vaiava muito e gritava "Filho da puta", ao invés de chamar pela banda. Passado mais um tempo, alguns começaram a ir embora. Considerei um grande desrespeito essa demora toda e um fator negativo de repercussão da banda, pois certamente às 1:00h da matina a energia de todos não é a mesma do que às 20:30h.



Como previsto, a primeira música a ser tocada pelo Guns N' Roses foi Chinese Democracy, mas a empolgação da galera veio logo depois: Welcome To The Jungle e It's So Easy, duas músicas que sempre tiram a galera do chão. A adrenalina subiu e fiquei esperançoso de ter uma boa experiência com esse show.

Em seguida, Mr. Brownstone, e depois algumas músicas novas foram tocadas. Cabe aqui comentar que o último álbum até tem algumas músicas legalzinhas, provavelmente se tivesse sido lançado há 15 anos teria feito sucesso. Hoje em dia, pelo menos pra mim, já soa ultrapassado. O público não conhecia as letras e não acompanhou. Estávamos todos ali para curtir os clássicos.

O show prosseguia e em momento nenhum Axl Rose se dirigiu à sua audiência. Pra mim, ele não teve carisma nenhum, e acho que, por mais fanático que você seja, dá pra perceber. Finda as músicas, os aplausos eram tímidos. O público ficou indiferente a Axl Rose. A apresentação dos integrantes da banda, por mais que fosse com material interessante (por exemplo, o guitarrista fez seu solo tocando o tema de James Bond de forma bem criativa), se tornou enfadonha, e foi deixando o pessoal ainda mais entediado.

Mais um momento de empolgação veio com You Could Be Mine, botando todos para cantar juntos. Nem todos os momentos foram assim. Sweet Child O' Mine foi legal, mas não tanto quanto eu esperava. No Rock In Rio III a galera curtiu bem mais essa que talvez seja a mais famosa deles. Depois, enquanto tocava November Rain, desci para a pista (estava na arquibancada até então) para terminar de assistir próximo da saída. Ali a situação não era diferente, muita gente cansada e alguns bêbados. A última música da noite, pelo menos que eu ouvi, foi Paradise City, música que gosto muito, mas a essa hora já estava do lado de fora da Praça da Apoteose, acho que eram umas 3:30 da manhã.




Agora vamos ao que interessa: foi bom o show? Pra mim, foi meia boca. A verdade é que o Guns N' Roses não existe mais. Agora é apenas Axl Rose cercado de alguns músicos. Esses caras são bons, tocaram tudo direitinho. O mesmo já não posso dizer de Axl Rose. Sua voz característica já não "pega" tão bem e em muitos momentos ele cantava e nenhum som era emitido.

Também não entendo sua atitude para com o público. Em 2001, quando seu falido e desacreditado Guns N' Roses veio ao Rio de Janeiro, foi muito bem recebido, e teve um grande entrosamento com a platéia. Cantou mal, mas fez sucesso. Agora somos obrigados a aturar seu mau-humor.

A experiência que tive ano passado, no show do Iron Maiden, nessa mesma Praça da Apoteose, foi totalmente diferente. A cada música que tocava as pessoas exclamavam "Que foda! Do caralho!", os fãs cantavam como um enorme coro, Bruce Dickinson inspiradíssimo, como sempre, botava a galera pra vibrar ainda mais, qualidade técnica impecável e muita energia. Foi um dos melhores shows que já fui, e olha que já fui em vários shows muito legais. Não tenho como não fazer essa comparação.

Agora, com o Guns N' Roses, o povo bocejava, reclamava, e parecia não ver a hora de ir embora. Mas, como todo bom brasileiro, aguentava firme e forte, o ingresso foi caro e queriam ouvir seus adorados clássicos. Deixo claro que eu curto Guns N' Roses, gosto muito das músicas, mas estou falando isso tudo porque esse show não desceu redondo não. Uma das coisas mais tristes pra mim foi constatar que o tradicional grito da galera "Guns! And! Roses!" praticamente não existiu dessa vez.

Uma apresentação mediana somada a uma espera longa demais, esse é meu veredicto. Preferia ter pego meu dinheiro de volta. E acho que se não fosse o dinheiro, Axl Rose também não estaria ali no palco. Bem-vindo à selva, baby!


10 comentários:

Cesar Lopes disse...

Eu bem que avisei... o céu me alertou, mandou aquela chuva na primeira data, suspenderam o show e pude recuperar meu dinheiro tão suado que por pouco daria para aquele fdp de merda... achei que você também não iria Márcio... Rodrigo deve ter adorado... fã é assim mesmo... abraços!

Rodrigo Nascimento disse...

Tudo pode ser analisado como um ponto de vista:
A banda realmente não é mais a mesma coisa, o Axl não tem mais aquela voz, mas a qualidade musical continua boa, os momentos em que a voz dele não foi audível acredito ter sido em decorrencia de algum problema na mixagem entre os instrumentos (em alguns momentos tinhamos 3 guitarras) e seu microfone, na minha opinião realmente as músicas continuaram fodas e só o fato de estar vendo ao vivo certas músicas sendo tocadas pra mim já vale.
Na minha opinião o grande problema de muitos não terem gostado foi justamente o fato do atraso. O show realmente começou muito tarde, e no dia seguinte era um domingo, mas isso não foi nada diferente de tudo que o Guns fez em toda sua história. Desde sempre o guns foi conhecido por grandes atrasos e até por não comparecer a shows, aqui no Brasil ele não apareceu em um show em São Paulo e atrasou em todas as apresentações. Em Porto Alegre, o show caiu numa terça, e só foi começar as 2h da manhã! Realmente é frustrande, cansativo e irritante, mas se você pagou um ingresso para ir nesse show já devia estar esperando por isso. No show do Rock in Rio que você citou por exemplo, o atraso foi ainda pior, o banda só entrou no palco as 3h da manhã, e naquela época, nem era 100% certo dele entrar no palco, mas como todos estavam ansiosos a anos por um show isso acabou amenisando a raiva das pessoas. Temos que levar em conta também que hoje existe um compromisso muito maior com o público, os shows começam na hora e as grandes bandas internacionais sempre levantam a galera, mas se realmente você esperava qualquer tipo de consideração por parte do Axl você foi muito iludido ao show, de um cara que destruiu a própria banda, e já até pulou do palco pra bater num fã não pode-se esperar muita coisa.
Na minha visão o show foi muito bom, as músicas foram bem tocadas, os músicos eram competentes, toda pirotecnia era ótima, é verdade que saí de lá muito tarde e até agora ainda não me recuperei 100% da maratona, mas realmente valeu a pena.
Mais um argumento só pra constar: assistí as 3 primeiras da pista, depois fui pra arquibancada e fiquei extremamente entediado, voltei pra pista e o show ficou ótimo de novo. Assistir um show desses na arquibancada é muito desmotivante. E realmente muitas pessoas foram embora ao longo do show (inclusive antes), mas a pista premium, perto do palco e cheia de pessoas que realmente gostam das músicas não esvaziou, e te garanto que não foi só por causa do dinheiro.
Pena que você não curtiu, se eles voltarem ao Brasil irei de novo.

Marcio Pinheiro disse...

Assisti ao show do Iron da arquibancada e a experiência foi outra. Mesmo ali todos pulavam, vibravam e as mais de 20 mil pessoas na Apoteose cantavam juntas. Era como se fosse um grito de guerra, um coro empolgado: "Maiden! Maiden!". Foi muito diferente.

Realmente, a longa demora e o cansaço decorrente dela foram fatores desmotivantes para mim e para muitos. Talvez se o show tivesse começado num horário aceitável teria aproveitado mais. Pelo menos teria ficado até o último segundo, pois gosto da banda. O problema foi mesmo Axl Rose que não transmitiu energia alguma, não se dirigiu ao público e não conseguiu animar ninguém.

Concordo que as músicas foram bem tocadas e não há nada como ouvir grandes clássicos ao vivo. Foi por isso que eu fui. Mas enfim, tocar com competência não é mais do que a obrigação deles, senão nem estaríamos ali para prestigiar. Se for só para ouvir música com qualidade, escuto o CD deles no som do meu carro.

Talvez eu tenha ido meio iludido para o show mesmo. Queria muito poder dizer que gostei, mas infelizmente não é verdade. Ainda bem que pra você a experiência foi diferente. Eu curti no Rock In Rio e queria muito que o mesmo tivesse acontecido agora.

Só consertando uma informação que vc falou, o show aconteceu de domingo para segunda (sei que todos sabem disso).

Cesar Lopes disse...

É o Rodrigo, o fato de estar na arquibancada ou em qualquer outro lugar é indiferente quanto a animação que você vai ter em relação ao show e o exemplo do show do Iron (eu estava lá!) comprova isso. Não sou fresco com relação a atraso de show, o que mais faço é ir em show que atrasa, mas me recuso em ir num que o atraso é sistemático e aparantemente proposital e o merda do vocalista não tá nem aí pra gente. MORTE AO AXL!

Viviane Rocha disse...

Bom acho que depende do show, depende do público..
No show do radiohead, assistimos da arquibancada e foi um tédio, mas uma amiga assistiu da pista e disse que foi irado...
Até mesmo o los hermanos antes...tivemos que descer pra pista porque tava todo mundo morto na arquibancada...
Já no show do iron foi uma empolgação generalizada!! os caras sao bons mesmo, o publico eh fanático, empolgou ate quem estava do lado de fora assistindo do viaduto!!
Enfim..não posso comentar sobre o guns, nunca assisti a nenhum show deles...
Mas sei que as opiniões são bem variadas sobre o show de domingo...
E ainda bem que para quem não curtiu pelo menos teve o "tião" pra salvar o ingresso!!!
Skid Row eh demais :)

M disse...

Acho bizarro assistir show de rock em arquibancada,nem sabia que o Iron vocês encararam assim!
No mais,ouvi o Apettite esses dias e achei bem menos legal.Já não curto mais mesmo,apesar dos clássicões ainda serem bons.
Provavelmente me irritaria também.
Agora o Iron(que também não sou mega fã) é uma banda vibrante mesmo,dá pra evr pelo show do Rock in rio.
O Bruce tem uma presença de palco muito grande e tem um grande carinho pelo Brasil.
Ano que vem irei no show deles!

Rodrigo Nascimento disse...

Só um último comentário: no rock in rio você tinha 18 anos, nenhum compromisso com nada e queria farra, além disso o público era de 100.000 pessoas doidas pra ver o guns, você estava com uma galera animada e no meio da multidão, será que isso não influenciou?

Cesar Lopes disse...

Senhor M, assistir da arquibancada da Apoteose não é bizarro, ficamos razoavelmente perto sendo uma boa opção por existir pista vip impedindo uma maior proximidade..acho bizarro arquibancada em Maracanã por exemplo; e repito: o problema não é lugar e sim a banda. Se a banda não estiver empolgando o show vai ser ruim em qualquer lugar.

M disse...

A questão não é a proximidade,é a energia em volta e o próprio espaço em si(horrível pular na arquibancada,convenhamos)
Mas concordo que se a banda é ruim,será ruim em qualquer canto.

Marcio Pinheiro disse...

Certamente assistir ao show do chão é muito melhor, na maioria das vezes é o que eu faço. No caso do Guns nem me arrependo por ter escolhido a arquibancada, pelo menos pude sentar enquanto esperava aquelas horas intermináveis que não passavam.

Olhando lá de cima, tirando alguns momentos de euforia, o público da pista parecia meio indiferente ao show. Claro que eu não estava lá embaixo para ter certeza.

Postar um comentário