domingo, 25 de abril de 2010

RRResenha 17 - Alice no país das maravilhas


Tim Burton está entre meus diretores favoritos. Seus filmes sempre repletos de personagens bizarros, um humor algumas vezes meio mórbido, roteiros repletos de excentricidades e um visual prá lá de obscuro quase sempre rendem filmes muito interessantes e que se destacam das mesmices que vemos todos os dias. Todos esses detalhes são não seriam nada sem grandes atores, mas por sorte (na verdade sorte nossa) Burton conta com a contribuição de Johnny Depp, um dos melhores atores da atualidade, numa parceria que já rendeu nada menos que sete filmes, incluindo aí dois filmes geniais (Edward e Ed Wood).

Quando anunciaram que Burton tinha sido contratado para fazer sua versão de Alice no país das Maravilhas, com Depp como chapeleiro louco, e tudo isso em 3D, eu fiquei extremamente empolgado. Alice é uma história insana e psicodélica, onde nada além da loucura está presente ao longo da história, e nada melhor que um diretor conhecido por sua visão excêntrica do mundo e de um ator especialista em papeis bizarros para trazer as telas uma nova verão do clássico, tinha tudo para ser o filme do ano. Mas não foi bem assim.

O filme é na verdade uma espécie de continuação da história, passada 13 anos depois de Alice ter visitado o país das Maravilhas. Agora tudo está em ruínas devido à tirania da Rainha Vermelha, e somente Alice pode tentar consertar as coisas.

O filme tem um visual incrível, bem Burtoniuano, com personagens, cenários figurinos e cores prá lá de extravagantes, o que é perfeito para o material que ele tem em mãos, e eu em 3D ficou bem interessante.

As atuação também são boas, tanto por parte do elenco “real”, com Depp bem como sempre (embora na versão dublada seja duro de aturar), a Rainha Vermelha, interpretada pela esposa de Burton, Helena Carter também está ótima, e a jovem Mia Wasikowska dá a força necessária para a crescida Alice, mas como sempre elenco não é um problema. Já o elenco digital consegue até superar o normal, temos o ótimo Gato que rouba algumas cenas e particularmente gostei muito dos coelhos, principalmente o louco.

Tudo ia bem, mas o que torna o filme um grande diferencial do original torna-o também um filme abaixo do esperado. A verdade é que a história de Alice é simplesmente uma sucessão de eventos onde Alice encontra personagens completamente insanos e passa por situação igualmente sem sentido, não existe uma verdadeira história por trás disso, e foi o que Burton tentou mudar. Ele tentou criar um real objetivo para os personagens e uma linha de ação a ser seguida, um real propósito para Alice estar lá e uma ordem linear e “lógica” para o enredo. Isso pra mim foi um grande atrativo, pois acho a história original um pouco sem graça, devido a sua total falta de sentido, mas infelizmente o caminho tomado por Burton acabou por deixar o filme com uma cara de Nárnia, o que com certeza influiu negativamente em minha avaliação.

Na verdade o filme diverte, e não é uma perda total, tornando-se uma boa aventura para a família, com um visual muito legal e uma boa dose de humor, mas está longe de atingir todo o potencial que eu acreditava que poderia ter alcançado, embora eu me pergunte se realmente alguém conseguiria extrair alguma coisa mais concreta daquele material sem pé nem cabeça do que Burton. Infelizmente esperava mais.

RRR

1 comentários:

Cesar Lopes disse...

Colocar ordem linear e lógica em "Alice"??? Estou pensando seriamente em não gastar tempo e dinheiro com esse filme...

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