Neste poema descrevo a angustia da realidade do cotidiano de quem consegue ver além de seus espelhos limpos e iluminados. Escolhi para colocar de fundo a música "Brothers in Arms" do Dire Straits. Acho que o compasso dessa música leva o ritmo que quero na leitura. O choro da guitarra, a harmonia do teclado, o leve pulsar da bateria e a voz solta de Knopler sentimentalizam perfeitamente tudo isso que sinto. A letra dela também descreve uma realidade triste, mas mantém a esperança que devemos ter a cada batalha.
Abaixo o trecho que mais gosto da música. Em seguida meu poema.
"Now the sun's gone to hell
And the moon's riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die
But it's written in the starlight
And every line on your palm
We're fools to make war
On our brothers in arms."
MOVIMENTO DOS VENTOS
Eu caminho pela rua enquanto chove
e vejo os becos escuros.
Pela janela um quarto de criança,
mas as vestimentas não servem.
Onde estão os brinquedos espalhados?
Um tiro cruzou o ar e meu peito disparou.
Um mendigo dorme em minha rua,
mas ninguém consegue vê-lo.
Os carros não esperam por ninguém e seguem viagem.
Perdidos na vida que não entendem, preferem sonhar acordado.
Os meus passos saem de órbita ou será o noticiário?
E os filhos dessa terra onde estão?
De que adianta subir até o topo se a fumaça não permite mais admirar o horizonte?!
Os olhos que eram azuis agora escurecem meu olhar.
Será ainda possível compreender discursos fora do palco armado na cidade?
Minha cabeça baixa é para saber onde pisar, talvez por um pouco de aflição.
Mas os ventos sempre vão soprar em novas direções...
(Bruno Tadeu Lopes;16/03/2010.)
Observação: O desenho que posto é uma homenagem de Marco Oliveira para o cartunista Glauco e seu filho Raoni, assassinados a tiros na madrugada de sexta-feira(16/03/10), entre tantas outras postadas por vários cartunistas no blog Universo HQ
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